sábado, 20 de agosto de 2011
MIA COUTO - ENTREVISTA
O jornal Educar para Crescer publica uma entrevista com o escritor moçambicano Mia Couto, feita pelos alunos do 3.º ano do Ensino Médio do Colégio São Luís, em São Paulo, Brasil. Nela Mia Couto, através da sua experiência pessoal, fala da educação e do livro em Moçambique, das suas raízes portuguesas, do acordo ortográfico. As respostas de Mia Couto são particularmente interessantes na forma como consegue desconstruir as imagens preconcebidas como muitas vezes uns povos têm de outros povos.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
GERMANO ALMEIDA (1945) - ESCRITOR CABO-VERDEANO
Do escritor cabo-verdeano Germano Almeida, a Editorial Caminho publicou, em 1999, O Dia das Calças Roladas. A obra narra os acontecimentos que tiveram lugar na ilha de Santo Antão, nos dias 30 e 31 de agosto de 1981. Esses mesmos incidentes surgiram durante a discussão do projecto de lei da reforma agrária para Cabo Verde. Nessa época estavam ainda frescas as consequências resultantes do golpe militar na Guiné-Bissau que tinha derrubado Luís Cabral, terminando com o sonho daqueles que durante décadas alimentaram uma ideia de um país livre formado pelos povos da Guiné e de Cabo Verde. Na sequência desse golpe, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) dá lugar em Cabo Verde ao PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde), um partido que ideologicamente se tem situado entre o socialismo e a social-democracia.
Germano Almeida que recorre à verdade dos factos, apresenta-os numa linguagem repleta de ironia. A preocupação que tem com a verdade, ilustra-a com palavras de um soneto de Camões e que mais tarde serviram de divisa ao livro de Jorge Amado, Os Subterrâneos da Liberdade. Numa obra, em que Jorge Amado procurou traçar um panorama da vida política brasileira, nos anos da ditadura do Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas. E assim pensando nos versos de Camões, que não chegou a transcrever,
"Metida tenho a mão na consciência,
E não falo senão verdades puras
Que me ensinou a viva experiência."
Germano Almeida conta com verdade aqueles acontecimentos de 1981, e também com muito humor.
Germano Almeida nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, em 1945. Licenciou-se em Direito, na Universidade de Lisboa. Posteriormente, veio a seguir a carreia de advogado na cidade de Mindelo.
Germano Almeida que recorre à verdade dos factos, apresenta-os numa linguagem repleta de ironia. A preocupação que tem com a verdade, ilustra-a com palavras de um soneto de Camões e que mais tarde serviram de divisa ao livro de Jorge Amado, Os Subterrâneos da Liberdade. Numa obra, em que Jorge Amado procurou traçar um panorama da vida política brasileira, nos anos da ditadura do Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas. E assim pensando nos versos de Camões, que não chegou a transcrever,
"Metida tenho a mão na consciência,
E não falo senão verdades puras
Que me ensinou a viva experiência."
Germano Almeida conta com verdade aqueles acontecimentos de 1981, e também com muito humor.
Germano Almeida nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, em 1945. Licenciou-se em Direito, na Universidade de Lisboa. Posteriormente, veio a seguir a carreia de advogado na cidade de Mindelo.
Marcadores:
Camões,
Germano Almeida,
Jorge Amado,
Literatura cabo.verdiana
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
BUCHI EMECHETA (1944) - ESCRITORA NIGERIANA
De Buchi Emecheta publicou-se em Portugal, em 2000, o romance A Menina Escrava, (Editorial Caminho, Lisboa) numa tradução de Manuel Ruas.
Sob a autora, o livro junta algumas notas bio-bibliográficas, indicando ser natural da cidade de Lagos, na Nigéria. Muito nova sofreu a perda do pai, um empregado ferroviário. Com a idade de dez anos obteve uma bolsa para estudar num liceu metodista, que acabou por abandonar aos dezassete, casando e tendo o primeiro filho. Com o marido emigrou para Londres, onde este estudava, vindo-o mais tarde a deixar. Ao mesmo tempo que foi criando os seus cinco filhos, foi escrevendo pelas madrugadas para além de tirar um curso de sociologia.
O romance A Menina Escrava tem como ideia fundamental a tradição como fonte modeladora dos comportamentos. No entanto, mesmo em em comunidades próximas, a tradição pode ter interpretações diferentes. Assim, comunidades como as de Umuisagba, mais relacionadas com outras, têm tendência a respeitar menos a tradição. Outros como os de Ibuza, têm tendência para manter as tradições. Mesmo práticas externas que adoptaram com alegria, como a adopção da religião católica, não deixam de ser complementadas por práticas ancestrais. As velhas crenças e os velhos valores continuam a intervir na ideia de felicidade das pessoas. É isso que explica a alegria espontânea de Ojebeta, a menina escrava, que apesar da sua historia de vida ser dominada pela ideia de ser livre, não pode deixar de se sentir feliz quando o marido comenta o dinheiro que teve que gastar com ela, sentindo que foi bem avaliada. As palavras finais são uma forma irónica de denunciar a permanência da escravatura.
"Deste modo, enquanto a Grã-Bretanha saía novamente vitoriosa de uma guerra, gabando-se de ter posto fim à escravatura - que tanto ajudara a disseminar em todas as suas colónias negras -, Ojebta, agora uma mulher de trinta e cinco anos, mudava de dono."
Sob a autora, o livro junta algumas notas bio-bibliográficas, indicando ser natural da cidade de Lagos, na Nigéria. Muito nova sofreu a perda do pai, um empregado ferroviário. Com a idade de dez anos obteve uma bolsa para estudar num liceu metodista, que acabou por abandonar aos dezassete, casando e tendo o primeiro filho. Com o marido emigrou para Londres, onde este estudava, vindo-o mais tarde a deixar. Ao mesmo tempo que foi criando os seus cinco filhos, foi escrevendo pelas madrugadas para além de tirar um curso de sociologia.
O romance A Menina Escrava tem como ideia fundamental a tradição como fonte modeladora dos comportamentos. No entanto, mesmo em em comunidades próximas, a tradição pode ter interpretações diferentes. Assim, comunidades como as de Umuisagba, mais relacionadas com outras, têm tendência a respeitar menos a tradição. Outros como os de Ibuza, têm tendência para manter as tradições. Mesmo práticas externas que adoptaram com alegria, como a adopção da religião católica, não deixam de ser complementadas por práticas ancestrais. As velhas crenças e os velhos valores continuam a intervir na ideia de felicidade das pessoas. É isso que explica a alegria espontânea de Ojebeta, a menina escrava, que apesar da sua historia de vida ser dominada pela ideia de ser livre, não pode deixar de se sentir feliz quando o marido comenta o dinheiro que teve que gastar com ela, sentindo que foi bem avaliada. As palavras finais são uma forma irónica de denunciar a permanência da escravatura.
"Deste modo, enquanto a Grã-Bretanha saía novamente vitoriosa de uma guerra, gabando-se de ter posto fim à escravatura - que tanto ajudara a disseminar em todas as suas colónias negras -, Ojebta, agora uma mulher de trinta e cinco anos, mudava de dono."
Assinar:
Postagens (Atom)